segunda-feira, 20 de setembro de 2021

A democracia local de 2021-2025: a revolução necessária


                Mais importante do que os resultados das eleições do dia 26 de setembro de 2021 é o modo como vai funcionar a democracia local no próximo quadriénio, devendo a esse propósito  fazer-se uma revolução ou, pelo menos, uma reforma profunda.  Do que se trata é de assumir que a democracia local entendida como o poder dos cidadãos a nível local não termina no dia das eleições mas continua durante o quadriénio.

Importa assumir inteiramente que nas autarquias locais o poder pertence sempre aos munícipes e fregueses e não aos eleitos. Os eleitos, desde logo o presidente da câmara e o presidente da junta, são representantes e não donos do poder local e assim têm o dever de informar e prestar regularmente contas  da sua actividade  aos representados. Vamos centrar-nos no municípios, aplicando-se o que dissermos às freguesias com as devidas adaptações.

O primeiro dever dos eleitos municipais é manter informados os eleitores e para isso existe hoje um instrumento de extraordinário  valor que é a página oficial ( o sítio) do município. É preciso revolucionar o funcionamento deste instrumento que não pode ser visto como o sítio  da câmara municipal para o gerir a seu bel-prazer. A página oficial do município tem de ser o livro aberto dos munícipes na qual a câmara e a assembleia municipal devem colocar toda a informação a que os munícipes têm direito.

Informação muito ampla desde a história, a população e o território do município e das suas freguesias até à composição dos órgãos, à organização e funcionamento dos serviços e à actividade desenvolvida e a desenvolver. Informação sempre actual e rigorosa, cada vez com mais conteúdo, partindo do princípio que se trata de um direito dos munícipes.

No sítio deve haver um largo espaço  para a assembleia municipal, por esta livremente  gerido, fornecendo aos grupos municipais a possibilidade de colocarem o que entenderem em termos de informação e opinião. A oposição deve ter lugar na página. As sessões públicas dos órgãos municípais devem ser transmitidas e permanecer disponíveis.

A relação com o sítio deve ser fácil e  ter sempre um gestor de carne e osso  que conheça o conteúdo e esteja disponível para atender e prestar rapidamente  as informações que o munícipe precise. Os sítios não funcionam assim,  mas esta é a revolução necessária para dar aos munícipes o poder a que têm direito.

(Artigo publicado no JN de 20.9.21