Há quem entenda que as freguesias urbanas não têm justificação.
Sempre entendemos o contrário, embora reconheçamos que muitas delas
não tomaram, porventura, consciência do que podem e devem fazer.
Tal depende muito dos eleitos dessas freguesias e desde logo, do
presidente. Aliás, bom presidente de uma qualquer freguesia, mas ainda
mais nas urbanas, é aquele que sabe liderar uma equipa.
Diz-se que as freguesias urbanas não são uma comunidade. Não nos
parece. Os habitantes de uma freguesia urbana, ainda que trabalhem fora e
passem nela apenas a noite e o fim de semana são uma comunidade ainda
que porventura débil e o que deve fazer-se, na freguesia, é exatamente
potenciar os laços entre os seus membros.
Os seus habitantes têm problemas próprios diferentes dos das outras
freguesias sejam elas vizinhas ou distantes, rurais ou urbanas. Cada uma
tem as suas características próprias, a sua história, os seus
problemas, o seu património, as suas festas, os seus equipamentos
desportivos, educativos ou culturais ainda que partilhem estes com
outras freguesias.
Este modo de olhar para as freguesias urbanas cimentou-se
recentemente ao participar no 85.º aniversário da freguesia de São
Vicente do município de Braga. É uma freguesia bem urbana no centro da
cidade com mais de 10.000 eleitores e cerca de 14.000 habitantes e,
assim, com uma assembleia de freguesia com 13 membros e uma junta com 5
vogais, um dos quais, o presidente.
Tem um pequeno orçamento de 350.000 euros e 9 trabalhadores, seis
dos quais ligados à educação. É, pois, uma organização simples e barata,
como é próprio das freguesias, mas desenvolve muita atividade.
Parte dela é a de rotina como a de fornecer material de limpeza e de
expediente às escolas de 1.º ciclo e aos jardins de infância, cuidar
das licenças dos canídeos, passar atestados (em regra, de residência),
atribuir licenças de arrumadores de automóveis, entre outras.
Mas, outra e muito importante é a constante preocupação com o
bem-estar dos vicentinos (assim se chamam os habitantes desta freguesia)
o que leva a junta e o seu presidente a lutar, nomeadamente, por
melhores vias de comunicação, pelo bom andamento do trânsito, pelo bom
funcionamento das escolas básicas e dos jardins de infância, pelas
atividades culturais e desportivas e, também, pelos passeios e
arruamentos da freguesia.
É claro que muitas destas tarefas são da responsabilidade do
município, mas cabe à freguesia e aos respetivos eleitos lutar pela
realização das mesmas, pois disso resulta melhor qualidade de vida para a
população, numa relação com a câmara que deve ser norteada pelos
princípios da autonomia, da subsidiariedade e da cooperação.
(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho de 13-12-2018)
quinta-feira, 13 de dezembro de 2018
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