Quem olha da
cidade de Braga (ou perto da cidade vindo do Porto) para os santuários do Bom Jesus, Sameiro e
Falperra toma consciência da riqueza que Braga - e em parte Guimarães - têm. Não é tanto, embora também muito importe,
pelos santuários propriamente ditos. É pelo verde que “ainda” é possível
usufruir. Escrevi “ainda”, pois é de temer que qualquer dia o verde seja
substituído por mais estradas, urbanizações ou coisa pior.
Quem gosta de
Braga e Guimarães, quem gosta da nossa região, quem gosta do nosso país deve
lutar para que estes municípios e talvez outros adjacentes cuidem de manter todo aquele verde que ainda
existe e o valorize.
Ao percorrer,
como percorri há dias, a estrada da Falperra, regressando pelo Sameiro e pelo Bom Jesus, para além do
mau estado do piso da estrada ( mas isso é fácil de corrigir), nota o excesso
de eucaliptos na Falperra e no Sameiro e goza um pouco de bom arvoredo no Bom Jesus.
Importa fazer
tudo o que estiver ao alcance ( e muito está) para que a floresta ali existente
se mantenha na íntegra e que os
eucaliptos sejam progressivamente substituídos
por outro tipo de árvores mais adequadas para aqueles lugares.
Todos sabemos
que não é fácil, que o eucalipto dá mais dinheiro, mas também sabemos que se
houver vontade firme dos municípios será possível convencer os proprietários a
investir noutro tipo de floresta, ainda que para tal sejam necessários
significativos incentivos financeiros ou
fiscais. Gasta-se tanto dinheiro em eventos efémeros e não se dirige,
infelizmente, boa parte desse dinheiro
para valorizar o território da região , pois é de valorização que se trata.
E às vezes a
mudança de arvoredo pode atrasar o retorno do investimento, mas, a prazo, esse retorno poderá ser muito maior. É na
ajuda a esse tempo de espera que os municípios e o Estado podem e devem intervir.
Certamente há
uma associação ou algo semelhante que se preocupa com a protecção destes
santuários verdes, mas se não há, deve haver e nela devem estar interessados
não só bracarenses e vimaranenses como os habitantes de outros municípios
vizinhos.
Aliás, não é
só o verde destes lugares que deve ser protegido e valorizado. É o verde que se goza até perder de vista destes
santuários religiosos. Apesar de tantas malfeitorias, quem, a partir dos
miradouros naturais que neles existem, dirigir o olhar para poente, para o lado do
mar delicia-se com a beleza da natureza.
E todo esse extenso olhar deve ser protegido, sendo errado dizer que o progresso, o desenvolvimento vão obrigatoriamente destruir tudo isso. Só um crescimento de vistas curtas, violando os objectivos do desenvolvimento sustentável pode fazer uma tal afirmação.
(DM - 18.7.24)