quinta-feira, 3 de abril de 2025

Candidatemo-nos!


O título podia ser “Candidatem-se” e ser um apelo dirigido às cidadãs e aos cidadãos para se candidatarem às próximas eleições, integrando listas que tenham por finalidade trabalhar por uma sociedade mais livre, justa e solidária, como é nosso dever. No entanto, o título é outro e o apelo não nos deixa de fora, numa situação cómoda, mas envolve-nos.

Não é vulgar o apelo à candidatura, aparecendo como mais vulgar o apelo ao voto. Mas o apelo ao  voto sem bons candidatos não é  bom. É como dizer:  na falta de melhor, votemos, ao menos nas listas e nos candidatos menos maus.

Daí a importância da candidatura. Apliquemos o que acabamos de dizer.

É desejável e mesmo um dever candidatarmo-nos, sendo essa uma forma de “amor político”, bem clara para os cristãos,  mas igualmente  aplicável também a não crentes que têm amor pela humanidade.  Claro que não é candidatarmo-nos a qualquer eleição. Cada um verá da sua capacidade, devidamente apreciada por si e por aqueles que os conhecem, para se candidatar a uma eleições.

Curiosamente, neste nosso país e neste nosso momento estão próximas eleições para quase todos os lugares previstos na Constituição: eleições para o parlamento ( Assembleia da República), para as autarquias locais e para o  Presidente da República.  

Cada um de nós deverá saber das suas capacidades e das suas circunstâncias. A candidatura deve ser um acto racional e não é para qualquer um de nós candidatar-se a Presidente da República. É um dever sim, mas para as cidadãs e os cidadãos que sejam reconhecidos por nós cidadãos e cidadãs como tendo as qualidades necessárias para o desempenho de tão alto cargo. É por isso também um dever não nos candidatarmo-nos a cargos para que não estamos devidamente preparados.

Também a candidatura à Assembleia da República não deve ser um dever para todos, mas antes para aqueles que, sem a exigência própria  da Presidência da República,  estejam preparados para exercer um cargo que é da maior relevância (ser membro do Parlamento) e que, com os seus 230 membros, tem muito mais poder que o próprio Presidente da República. É da maior importância termos bons candidatos para as eleições que se aproximam (18 de maio). Normalmente,  os candidatos à Assembleia da República são escolhidos pelos partidos sem consultar os cidadãos, mesmo  que informalmente, mas  estes têm o direito e o dever de “interferir” nos partidos em que  costumam votar no sentido de escolherem  aqueles que consideram os melhores candidatos para o “seu” partido. Essa interferência pode mesmo exprimir-se por uma crítica pública às escolhas feitas.

Resta a eleição para as autarquias locais. É aqui que o dever de candidatura abrange mais pessoas (largas dezenas de milhar) e não se exige tanta responsabilidade e preparação, ainda que estas sejam também necessárias. Participar numa assembleia ou câmara municipal, numa assembleia ou junta de freguesia é importante e uma forma de exercer o “amor político” que as encíclicas “Laudato sì” e “Fratelli Tutti” exprimem muito bem. Pode parecer algo com pouca importância, mas não é. Além do mais, são os lugares que mais possibilitam estar próximo dos mais próximos nos momentos bons e maus.

                                                           António Cândido de Oliveira

PS – Nas recentes eleições para o Conselho Geral da Universidade do Minho dos 20476 estudantes inscritos nos cadernos eleitorais votaram 1985 ou seja menos de 10%. Mais de 90% de abstenção! Isto não interpela os órgãos da Universidade? Ficam indiferentes? Tencionamos abordar este assunto.

(DM - 3-4-25)