O DESNORTE DA CÂMARA
Falei deste assunto na semana passada, mas merece que volte a ele de modo mais detalhado e mais nítido.
Em 14 de Maio de 2004, a Câmara Municipal recebeu luz verde da Assembleia Municipal para adquirir, junto da Estação Ferroviária, um prédio para alojamento da comunidade cigana por mais de 200.000 contos (1.072.400 euros). Um prédio caríssimo (tem a área de 2.236 metros quadrados) e um negócio rodeado de segredo para não perturbar o respectivo êxito (ainda hoje me pergunto para quê tanto segredo). A Assembleia Municipal deu o seu aval por larga maioria à compra e ficamos todos com a esperança de que a câmara solucionasse rapidamente o alojamento daquelas famílias.
Atingiam-se três objectivos: dava-se habitação em condições dignas àquelas pessoas (muitas delas crianças e velhos); terminava a vergonha daquele local nobre da nossa cidade; e libertava-se terreno para a construção de um parque de estacionamento da Estação com ligação directa a esta, tudo em grande como prometera a Câmara de então, pela voz do seu Presidente.
Passaram-se precisamente três anos e o que vemos? Vemos que a mesma Câmara, renovada por sufrágio eleitoral, em 2005, demonstrando um completo desnorte, mantém um absoluto silêncio sobre este importante projecto de triplo alcance e em vez disso anuncia uma mais que supérflua cidade desportiva (também ela envolta em negócios secretos) com a qual parece querer mostrar obra (e sem referendo, como lhe convém).
António Cândido de Oliveira
(Retirado com permissão e pequena alteração de "O Povo Famalicense", onde publiquei)
20.05.07