A preparação de eleições locais para ter êxito deve
fazer-se com tempo e com um plano, principalmente se o ponto de partida é a
oposição, tendo presente que não há
democracia sem oposição.
O tempo significa que não é à última hora que se
prepara um programa e listas para concorrer com sucesso. O tempo mais propício
é logo após as últimas eleições e consequente análise dos resultados. No caso
de não se aproveitar todo esse tempo entre eleições, então, pelo menos, há um
limite mínimo de um ano e meio antes da data provável de próximas eleições (neste ano, fins de setembro,
princípios de outubro de 2025).
E o que deve fazer-se nesse ano e meio? A primeira
tarefa é organizar uma equipa, de preferência, já com um líder, que deverá
começar por reunir regularmente (mensalmente pelo menos), estudando os
problemas do município ou da freguesia (vamos centrarmo-nos neste texto mais
nos municípios do que nas freguesias), nos seus diversos domínios de ação e analisando
as falhas da maioria que está no governo do município.
Através desse estudo, a equipa saberá preparar um
programa de ação a expor em devido tempo. Um programa com conteúdo para
convencer os eleitores e tendo em conta que os eleitores não se convencem à
última hora e à pressa, ou seja, três meses antes da data das eleições.
As listas de oposição, seis meses antes das eleições,
devem ter preparado não só o programa, mas também obtido o nome dos candidatos
a vereadores e dos principais membros da assembleia municipal (pelo menos o
candidato a presidente e o líder do grupo municipal).
Ter uma lista bem constituída e um programa a seis
meses de eleições é o mínimo que se pode pedir a uma lista para obter êxito,
mas não é suficiente. É preciso que a lista e o programa sejam dados a conhecer
aos eleitores e para isso é preciso, ao mesmo tempo, ter trabalho feito nas
freguesias, ou seja, paralelamente trabalhar nas freguesias de modo a que seis
meses antes das eleições exista também
em cada freguesia do concelho uma lista e um programa relativo à respetiva
freguesia, sabendo-se pelo menos quem é o candidato a presidente da junta de
freguesia e quem o acompanha.
Esta fase do convencimento dos eleitores é essencial e
o melhor modo de o fazer não é com “outdoors” ou folhetos avulsos de última
hora, ainda que estes possam ajudar de algum modo. O melhor meio de chegar aos
eleitores é ter nos diversos lugares da freguesia (ou praças, ruas e avenidas
caso se trate de freguesias urbanas) pessoas, alinhadas com as listas, a
divulgá-las e dá-las a conhecer de preferência pelo método do “passa a palavra”
e de reuniões mais ou menos informais a nível local. Se não se chegar aos
eleitores, de preferência pessoalmente, o êxito da lista em eleições locais é
pouco provável.
Como se pode ver, isto dá trabalho e precisa de tempo,
necessitando ainda que a equipa (partido, coligação, ou movimento independente)
que esteja no governo do município tenha cometido erros suficientes e graves,
denunciados em devido tempo, para criar contra ela um ambiente desfavorável. Se
a equipa do governo municipal em exercício for forte, mesmo uma oposição
igualmente forte terá sérias dificuldades para a destronar.
E se a lista principal de oposição tiver chegado a
esta altura, ou seja, pouco mais de três meses das eleições e não tiver ainda a
lista constituída e o programa (um sucinto e outro mais detalhado) devidamente
elaborado e, por isso, não estiver ainda no terreno a trabalhar como deve? Se
tal suceder então tem muito pouco tempo para agir (não deve contar muito com o
mês de agosto) e o melhor é preparar-se para se lamentar do resultado eleitoral
que vai obter. Claro que pode haver exceções e resultados surpreendentes, mas é
melhor não jogar na lotaria. Será muito
interessante depois das eleições, verificar as explicações para os respetivos
resultados obtidos, positivos ou negativos.
(DM-26-6-25)