sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Lição de uma jovem colega

Aconteceu no bar do grill da Universidade do Minho, no fim de semana passado (15-12-2007). Encontrei uma colega à hora de almoço nos corredores da Escola de Direito e combinamos almoçar.

De notar que temos no restaurante e no grill da UM um serviço de refeições de boa qualidade com pessoal da casa. Duvido que tivesse a mesma qualidade se fosse um serviço concessionado.

Bebemos apenas água. Mas enquanto eu levei, com a sopa e o prato, água numa garrafa de plástico, a minha jovem companhia de mesa, que ia mais à frente na fila, levou no tabuleiro um copo de água da torneira.

E, perante a minha curiosidade, o argumento dela foi bem simples. Disse: se não confiamos na água da torneira, que é constantemente vigiada, então como é? Sucede, ainda, acrescentou, que não sabemos quando e como é controlada a água da garrafa.

Calei-me e apenas disse que a minha opção tem o enorme defeito de contribuir para o assustador aumento do lixo de plástico.

Já tinha recebido igual lição em Lisboa, por parte da Presidente da Assembleia Municipal que, num jantar, depois de uma sessão pública também bebeu água da torneira e não de garrafa no que tive de a acompanhar.

Sei que esta opção pela água da canalização suscita muitas resistências e que não será fácil para quem tem meios financeiros largar a garrafa de água com um rótulo a prometer bebida de excelente qualidade. Por outro lado, aos restaurantes e cafés, também não lhes agradará a ideia de ficarem sem esta fonte de receita tão importante no seu dia-a-dia.

No entanto, há razões para beber água da torneira: ela é vigiada e analisada e está em condições de ser consumida.  Não tem sentido aumentar as montanhas de plástico que a água engarrafada provoca. É de admitir, quando muito, a água em garrafa de vidro, dado que este material é reciclável.

Para se levar a cabo esta revolução no consumo, é importante uma política ativa dos municípios e das autoridades de saúde, incentivando o hábito de beber a água potável que chega às nossas casas e aos cafés e restaurantes em boas condições através da rede de pública de distribuição.

É um trabalho da maior importância e urgência e que só não será feito se as autoridades municipais e sanitárias, elas próprias, não confiarem na qualidade da água que fazem chegar aos cidadãos.  Esta publicidade é fácil de fazer, desde logo nos websites do município, como ainda nos placards que estão disponíveis por toda a cidade e nos meios de comunicação social.

Quanto aos restaurantes e cafés, que se poderão sentir prejudicados com esta mudança de hábitos, sempre haverá modo de os compensar. Aliás, eles deveriam ser parte ativa na luta pelo consumo de água pública.

A este propósito, seria de todo o interesse fazer um estudo sobre os hábitos de consumo de água dos munícipes, até porque se sabe que há muitas pessoas recorrem, em alternativa, a fontes públicas que são tidas como possuindo boa água. 


(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho de 22-12-2017)