Apontava-lhe especialmente, nessa crítica - porventura
excessiva, mas que se compreende depois da lei que cozinharam em silêncio e que
acaba de ser vetada pelo Presidente da República -, o fechamento que cultivam,
sendo avessos a um alargamento para a sociedade civil. Não se preocupam, dizia,
em ter um grande número de militantes.
Em relação às eleições que se avizinham no PSD (dia
13) criticava, por sua vez, o facto de serem limitadas aos militantes com as
quotas em dia, muitas vezes pagas por terceiros. Note-se que as eleições que
ocorreram no PS foram abertas a simpatizantes.
São bem conhecidos os vícios dos partidos. Eles
deveriam ser exemplo de democracia e não são, e tememos que estas eleições do
PSD mostrem isso mesmo.
Elas devem ser bem escrutinadas pela comunicação
social para verificar que, não só se desenrolam de acordo com critérios próprios
das eleições oficiais (cadernos eleitorais devidamente elaborados e mesas
compostas por representantes dos dois candidatos), como se não ocorrem
“chapeladas”, ou seja, secções concelhias a votar em massa pelo candidato que o
líder político local respetivo indica.
Aliás, já é tempo de fazer a história local dos
partidos e quem tem alguma idade e memória sabe o que se tem passado
frequentemente nas concelhias de grandes partidos, desde logo aqui à nossa
volta.
Eu, que resido em Famalicão, poderia contar histórias
bem tristes de eleições concelhias do PS e do PPD/PSD e, com um pouco mais de
memória, recordar um partido (CDS) que viveu largo tempo com dirigentes
nomeados (comissões administrativas) e não dirigentes eleitos.
Tem de ser assim? Não tem. E o mesmo comentador que
tão severas críticas fazia aos partidos acabava por dizer que a política é uma
das mais nobres profissões (prefiro dizer atividades) e que os partidos devem
ser respeitados, dando-se ao respeito.
Na verdade, os partidos são a consequência natural de
não termos todos as mesmas ideias e estarmos mais próximos de uns do que de
outros como as eleições oficiais nacionais ou locais demonstram.
PS –
Acabam de sair três revistas trimestrais dedicadas ao poder local: Questões
Atuais de Direito Local (n.º 16); Revista das Assembleias Municipais (n.º 04) e
Revista das Freguesias (n.º 04).
Referem-se todas ao período de outubro-dezembro de 2017. Esperamos falar
delas no próximo número.
(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho de 04-01-2018)
(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho de 04-01-2018)