As cidades do quadrilátero precisam de cuidados P ortugal tem atualmente 159 cidades. No entanto, é errado pensar que há cidades por tudo quanto é sítio. No Minho, por exemplo, temos apenas nove. Duas no distrito de Viana do Castelo (Viana e Valença) e sete no distrito de Braga (Barcelos, Braga, Guimarães, Famalicão, Esposende, Fafe e Vizela). Note-se que as cidades do distrito de Braga são contíguas desde Esposende a Fafe.
Consideramos que as nossas cidades não têm merecido os cuidados que lhes são devidos e vamos para o efeito centrar a atenção nas quatro cidades que constituem o denominado “Quadrilátero Urbano”, integrando uma associação de municípios de fins específicos que carece de maior evidência.
Tais cidades são Barcelos, Braga, Guimarães e Vila Nova de Famalicão e têm em comum não só a proximidade entre elas como outros interessantes aspetos. Elas fazem parte de municípios com mais de 100.000 habitantes e mais de 150 Km2. Em termos de superfície o município maior é Barcelos com 379 Km2, seguido de Guimarães com 241 Km2, Vila Nova de Famalicão com 202 Km2 e Braga com 183 Km2. Esta sequência não é a mesma quanto à população, estando em primeiro lugar o município de Braga com 182.000 habitantes, Guimarães com 159.000, Vila Nova de Famalicão com 134.000 habitantes e Barcelos com 121.000.
No que diz respeito propriamente às cidades, que são todas sede do concelho, há uma enorme diferença. A sequência é a mesma da população dos municípios mas enquanto a cidade de Braga tem, de acordo com dados obtidos junto do Instituto Nacional de Estatística e aqui arredondados, 137.000 habitantes, Guimarães fica a larga distância com 48.000 habitantes e mais longe ainda ficam Vila Nova de Famalicão com 35.000 e Barcelos com 21.000. As razões desta diferença, que não acompanham nem o território nem a população dos municípios respetivos, deviam merecer atenta ponderação. Todas elas têm uma história que é secular, exceto a de Famalicão que é uma intrometida, neste aspeto, tendo surgido já no século XIX como aglomerado urbano significativo e só há relativamente poucos anos obteve o estatuto honorífico de cidade. Este estatuto, aliás, não é obtido por quem quer, sendo necessário um conjunto de requisitos definidos na lei, mas, por outro lado, também não é obrigatório para quem os tem. Ponte de Lima é, segundo parece, exemplo disso.
Voltando às cidades do Quadrilátero, todas elas cresceram muito nos últimos 40 anos mas faltou-lhes uma visão estratégica bem conseguida. Cresceram desordenadamente na periferia e o respetivo centro histórico, com exceção de Guimarães, não foi objeto do devido cuidado. Também não se curou da ligação entre elas.
É difícil de compreender o facto de nenhuma destas cidades ter um plano de urbanização que enquadre devidamente o seu futuro. Foram cometidos em todas muitos erros urbanísticos e parece que isso não é motivo de preocupação. PS – A tragédia do Mediterrâneo não nos tem preocupado como devia. Parece que aquelas vidas não valem o mesmo que as nossas. Não valem, como bem titulava o jornal I de ontem.
in Diário do Minho