Não
podemos aceitar com indiferença que aumente, em vez de diminuir, o desequilíbrio
entre o litoral e o interior, nomeadamente a nível demográfico. Não se trata, é
claro, de lutar por uma igual densidade populacional no litoral e no interior,
trata-se antes de manter, no interior, uma rede de municípios (nomeadamente os
atuais) relativamente bem povoados e não em rápido e assustador despovoamento.
Trata-se
de algo impossível?
Entendemos - tendo consciência de que sabemos muito
pouco sobre esta matéria e de que há quem sustente a inevitabilidade desse
despovoamento – que não é impossível e antes desejável que continuemos a ter a
riqueza de ver a parte interior do continente
(e, ao mesmo tempo, a mais próxima do centro da Europa) com tudo o que
ela tem de bom em paisagens, monumentos, aldeias, vilas, cidades e infraestruturas
da mais variada natureza, devidamente
povoada, sendo que é a população o que ela tem de mais valioso.
Torna-se
claro que a luta pelo desenvolvimento do interior tem de ser obra dos nela
residentes. Não serão os habitantes do
litoral, mesmo os que de lá são provenientes, que poderão ter um papel decisivo
nesse domínio.
Temos
dificuldade em compreender que não haja hoje (ou pelo menos que não tenha a
devida visibilidade) uma associação dos municípios do interior, cobrindo o país
de norte a sul. Não se trataria de uma associação imposta, mas de uma
associação dos municípios que nela entendessem participar.
Mas
entendemos também que esse objetivo não pode ser alcançado apenas com o esforço
de quem lá reside. Importa uma aliança
litoral-interior que é do interesse de todos os portugueses. E importa,
sobretudo, a formulação de uma política pública nacional bem pensada e bem divulgada.
Porventura, ela existe, mas não é conhecida e sustentada.
A
luta pelo interior não pode ser uma luta intermitente, com altos e baixos. Tem
de ser um objetivo nacional assumido pela grande maioria dos portugueses. Importa
dar passos nesse sentido. Tentaremos percorrer caminho e procurar outros
caminhantes.
PS
– Qual é mais importante? Ocupar as noites das televisões informativas com
doses sucessivas de futebol ou com problemas como este?
in Diário do Minho