quinta-feira, 14 de setembro de 2017

O serviço do bem público

“O serviço dos autarcas, quando realizado com tónica e dimensão de serviço - se há exceções, são exceções que confirmam a regra - revelam-nos que aqueles que servem a causa pública nas autarquias são aqueles que mais próximos de nós estão, que conhecem melhor a realidade, e que têm no horizonte o desejo do serviço do bem público”

Este é um fragmento da entrevista que D. António Francisco dos Santos deu à Agência Ecclesia, dois dias antes do seu falecimento, respondendo a uma pergunta que lhe foi feita sobre o momento eleitoral e que merece particular atenção.

D. António Francisco contrapunha a este serviço do bem público dos municípios e freguesias a “burocracia” e a lentidão da administração central, que atrasam soluções, o que “prejudica e torna difícil a vida das populações”.

E, logo de seguida, apelava: “Devemos cada vez mais fazer uma grande reforma da administração central e da administração regional e local”

Nestas três fases está praticamente tudo o que precisamos de fazer.

Reforçar o poder autárquico, pois é o poder que, através dos municípios e freguesias, está mais próximo dos cidadãos e atento aos seus problemas concretos, dando-lhe respostas rápidas.

Combater, por outro lado,  a burocracia da administração estadual, uma máquina pesada, que precisa de ser repensada para não prejudicar a vida das pessoas.

E, finalmente, fazer - e não é fácil – uma grande reforma, não só da administração central, mas também regional e local.

É interessante o facto de D. António Francisco não esquecer o nível regional e a nosso ver muito bem. Entre os problemas locais e nacionais há também problemas regionais que precisam de ser resolvidos e que não têm sido devidamente encarados.

E para bem os resolver é necessário termos uma estrutura de administração intermédia entre os municípios e o Estado central (a Administração do Estado), democraticamente legitimada, que não temos ainda.

A reforma da Administração Pública, nos seus diversos níveis,  é um processo contínuo que nunca deve ser descurado.

(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho de 14-09-2017)