Os sítios
oficiais dos municípios deveriam ter um espaço dedicado às eleições para os
órgãos do respectivo município. Um tal
espaço, gerido em condições de igualdade, pelas listas concorrentes aos órgãos municipais,
teria vantagens evidentes do ponto de vista democrático. Cada lista concorrente
teria, com efeito, a possibilidade de divulgar os seus candidatos, os programas
eleitorais, as actividades em curso, a agenda e ainda emitir opinião sobre a
vida do município. Por sua vez, cada
munícipe teria a possibilidade de, através do sítio oficial do seu município, conhecer as listas concorrentes, apreciando cada uma delas e preparando um voto mais consciente. A existência desse
espaço deveria ser, se necessário, legalmente estabelecida em nome da consolidação da democracia local.
A lei
indicaria regras a seguir com o fim de permitir a igualdade, a imparcialidade e
a informação adequadas. Esta previsão legal não obrigaria a lista a utilizá-lo,
ainda que fosse deixada a menção da existência dessa ou dessas listas no espaço
em causa e nem impediria, como é óbvio, que cada lista tivesse também um sítio
próprio, porventura mais desenvolvido. Parece evidente que esse espaço não
interessará muito às listas municipais que estão no poder de cada município,
mas isso só prova a sua necessidade.
Atualmente
para conhecermos bem as listas concorrentes temos um trabalho redobrado, pois
são mais as referências que encontramos na net de notícias dispersas sobre as
listas, provindas de jornais e outros meios de comunicação social, do que
directamente da própria lista Aliás, para colmatar de algum modo essa falta,
bem poderia existir na net uma informação sobre as listas concorrentes em cada município e a indicação dos respectivos
sítios oficiais se os tivessem..
O que acabamos de escrever tem na base um entendimento sobre o que devem ser os sítios oficiais dos municípios. Eles não são propriedade das câmaras municipais no poder, eles pertencem ao município e, dentro dele, aos munícipes, sendo as câmaras meros gestores desses sítios.
(Artigo de opinião publicado no Jornal de Notícias, de 23-08-2021)