O regime
político democrático em que vivemos
desde há 50 anos assenta em dois grandes partidos: o PSD e o PS. Estes partidos
saíram claramente reforçados das eleições do dia 12 de outubro de 2025. Ambos
deixaram a larga distância todos os restantes.
Temia-se o
comportamento dos eleitores do Chega, mas estas eleições provaram que boa parte dos eleitores deste partido não confunde eleições nacionais
com eleições locais, o que é uma boa notícia.
No Quadrilátero
- e pela
primeira vez - os quatro
municípios (Braga, Guimarães, Barcelos e Vila Nova de Famalicão) ficaram todos
laranja (alguns em coligação, mas o que mais conta é o partido do presidente de
câmara).
O tempo do Quadrilátero
rosa, em que só Barcelos resistia, é história do século passado.
De qualquer
modo, quer o PSD, quer o PS precisam de fazer um séria reflexão política interna.
Se quiserem manter-se como os dois grandes partidos da nossa democracia não
podem considerar que está tudo bem na sua organização e funcionamento a nível
local, porque não está. E eles sabem que não está.
Tornaram-se
partidos que não se abrem à sociedade e é de perguntar, por exemplo, se um e
outro não tinham nas instituições de ensino superior neles sediadas (Universidade
do Minho e IPCA entre outras) candidatos/candidatas
politicamente melhores do que os
apresentados, nomeadamente para a câmara municipal, mesmo tendo ganho eleições. Há vencedores que
o foram por demérito dos vencidos.
Não se quer
dizer com isto que a Universidade do
Minho, o IPCA e outras instituições de ensino superior sejam os únicos lugares onde se podem
encontrar candidatos/as de primeira linha, mas certamente é um lugar a ter em
conta na procura e isso não se viu.
E também não
encontramos nestas eleições candidatos da denominada sociedade civil que se tenham evidenciado pela actividade exercida
fora do âmbito político-partidário.
Os militantes
fieis, especialistas em vencer lutas partidárias internas (tantas vezes sem
olhar a meios) com a finalidade de se candidatarem a presidentes de câmara
emergiram no Quadrilátero e fora dele.
É urgente arrepiar caminho, porque de outro modo
isto vai correr mal para a democracia, entendida como o único regime que se
conhece baseado na dignidade das pessoas e empenhado na “construção de uma
sociedade, livre, justa e solidária” como bem estabelece o artigo primeiro da
nossa Constituição.