quinta-feira, 22 de junho de 2017

O que têm em comum Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos?

O que liga os concelhos de Pedrógão Grande, Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos? Desde logo, o facto de pertencerem a uma mesma Comunidade Intermunicipal (CIM – Comunidade Intermunicipal Pinhal Interior Norte), situada no centro do país.
 

O nome da CIM, já por si, diz muito, mas, para o efeito que nos cabe aqui tratar, ainda é mais significativo o facto de estes municípios terem uma população muito reduzida. Pedrógão Grande tem 3915 habitantes para uma área de 68 km2, Castanheira de Pêra tem, por sua vez, 3191 habitantes para uma área de 66 km2 e Figueiró dos Vinhos tem 6169 habitantes, mas já para uma área de 173 km2.
Góis, por seu turno, que está na primeira linha das notícias, é um município com 4260 habitantes para uma extensa área de 263 km2.
 

A pergunta que, desde logo, se coloca é a de saber como municípios com esta população podem ter estruturas, a vários níveis, e nomeadamente a nível florestal e de combate aos incêndios, adequadas às necessidades que lhes incumbe satisfazer. Dificilmente tal pode suceder.
Acresce – e está aqui um problema mais grave – que a floresta e os incêndios florestais não são municipais, saltando as fronteiras destas entidades locais e também a das Comunidades Intermunicipais. Temos, no nosso país, 21 destas Comunidades.
 

Os problemas das florestas portuguesas devem ser vistos, não só, como até aqui, numa perspetiva nacional e, assim, de conjunto, mas numa perspetiva regional, pois a floresta portuguesa tem (ou pelo menos deve ter) caraterísticas diferentes se percorrermos o país de sul para o norte. A floresta do Algarve, do Alentejo, do Centro e do Norte do país têm caraterísticas próprias.
 

É também neste aspeto que se vê o problema da falta de um escalão administrativo intermédio, devidamente legitimado do ponto de vista democrático, entre o Estado e os municípios, a quem caberia desenvolver uma política coerente de ordenamento florestal e de gestão cuidada desta riqueza que possuímos e que muito pode ser valorizada se não se tornar uma monocultura.
 

Custa a acreditar que, no nosso país, se multipliquem estruturas relativas à floresta e ao combate contra incêndios a nível municipal, sem ter em conta que a floresta e os fogos não têm fronteiras municipais e muito menos paroquiais.
 

(Artigo de opinião publicado no Jornal «Diário do Minho» de 22-06-2017)