E o texto começava assim: há alguns meses que a Europa
contempla com assombro o que já toda a gente chama o milagre económico português.
E, concretizando, chama a atenção para o facto de até ao terceiro trimestre de
2017, Portugal ter conseguido captar mais de mil milhões de euros de
investimento estrangeiro direto e sermos o polo de atração de capital estrangeiro
mais potente da Europa em setores de ponta, como o automóvel (Volkswagen e
PSA), a tecnologia (Siemens o Bosch), ou a construção aeronáutica (Embraer).
Um aspeto muito interessante deste trabalho é a
atenção dada aos “autarcas” (palavra que colocam entre aspas, pois os nossos vizinhos
de Espanha não a utilizam). “Autarcas com poder” é a denominação que se lhes dá
e o elogio que se lhes faz.
Aos autarcas lusos - escreve-se - deve-se uma boa parte do êxito de um
investimento estrangeiro acabar em solo português. E explica-se: quando uma
empresa quer instalar-se em Portugal, o primeiro passo que deve dar é ter uma
entrevista com o presidente da câmara municipal do lugar escolhido para se
estabelecer. A câmara é a gestora do solo público em cada município e o
presidente da câmara tem amplas competências para incentivar a instalação de
uma nova empresa, concedendo vantagens ou mesmo isenção de pagamento de certos
impostos.
E cita-se Luís Ceia, presidente da Confederação de
Empresários do Alto Minho: “Cada presidente de câmara municipal pode fazer as bonificações
que estejam dentro das suas competências e mesmo eliminar impostos. O próprio
pessoal da câmara trabalha para os empresários, para ajudar a aligeirar a
burocracia. Eles compreendem que se trata de uma riqueza para o seu município”
O elogio de Portugal vai mais longe, chamando a
atenção para o ambiente sociopolítico que se vive em Portugal, e esta é uma
constatação que não parte só da Voz da Galiza. Também outros periódicos muito
lidos têm chamado a atenção para a boa situação de Portugal, fazendo comparações
entre os dois países, quase sempre mais favoráveis para nós, exceto no que
respeita à dívida pública: enquanto em Portugal ela é de 130% do PIB, em
Espanha é de 100%, dizem.
Temos, pela nossa parte, consciência de que esta
situação económica de Portugal também se deve muito à conjuntura internacional
(como se deveu a grave crise que atravessámos, não esqueçamos), mas é bom
salientar o esforço que continuadamente fazem pelas suas populações em tempo
bom ou mau os eleitos locais dos nossos municípios e freguesias.
E como é bom termos municípios fortes!
(Artigo de opinião publicado no Diário do Minho de 25-01-2018)