Há uma
tendência para esquecer certas coisas na voragem dos dias, mas tal não deve
suceder. Nas recentes eleições
(19-3-2025) para o importante órgão da Universidade do Minho que é o Conselho
Geral - uma assembleia que delibera sobre os assuntos mais relevantes da
Universidade e elege o Reitor - votaram menos de dois mil (1985) dos mais de vinte mil
(20476) estudantes inscritos nos
cadernos eleitorais, ou seja, menos de 10% (9,7%).
Isto não nos
deve interpelar e interpelar também a
Universidade, nomeadamente o próprio Conselho Geral e a Reitoria? Qual o
significado desta enorme abstenção?
A tendência
nestes casos é para fazer, cada um de
nós, a sua apreciação. Para uns, os estudantes, na sua enorme maioria,
apenas se interessam, quando interessam,
pelas aulas e pelas notas. O resto, nomeadamente o governo da
Universidade, as eleições para os órgãos desta e das suas escolas, pouco lhes importa.
Para outros,
os estudantes não votam, porque não estão ao par do significado desta eleição,
não estão devidamente informados.
Ainda para outros, os estudantes votariam
muito mais se votassem, por exemplo,
para a eleição directa do Reitor, como está previsto passar a suceder na
revisão em curso da Lei do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior
(RJIES).
No entanto, a apreciação
que fazemos individualmente tem pouco
valor. Seria muito melhor perguntar aos estudantes o que pensam efectivamente
sobre esta matéria e isso é possível saber com elevada segurança, usando os
meios científicos e técnicos que estão ao dispor da Universidade, através de
algumas das suas unidades orgânicas, e
que não são dispendiosos.
Esse
conhecimento do comportamento dos estudantes deveria ser feito e teria muita
utilidade. Os estudantes são, na sua grande maioria, cidadãos já com plenos
poderes de cidadania e mal de uma Universidade que apenas se preocupe em
transmitir-lhes conhecimentos para que eles possam mais tarde serem
engenheiros, médicos, juristas, economistas, professores e profissionais de
muitos outros numerosos domínios do saber.
A formação de cidadãos
que o sejam não apenas pela idade, mas pela consciência dos seus direitos e
deveres na sociedade de que fazem parte é um dever que a Universidade não pode
descurar.
PS – De um
excelente suplemento comemorativo dos 106 anos do DM (15-4-2025), permito-me
destacar, na impossibilidade de fazer uma referência mais ampla, este facto
relatado pelo Administrador a propósito da imprensa regional e das dificuldades
que esta atravessa e que pouca gente conhecerá, mas da maior importância para essa mesma imprensa:“ A Gráfica do DM
imprime atualmente cerca de uma centena de títulos”.