quinta-feira, 1 de maio de 2025

O que pensam os estudantes

Há uma tendência para esquecer certas coisas na voragem dos dias, mas tal não deve suceder.  Nas recentes eleições (19-3-2025) para o importante órgão da Universidade do Minho que é o Conselho Geral - uma assembleia que delibera sobre os assuntos mais relevantes da Universidade e elege o Reitor - votaram menos de  dois mil (1985) dos mais de vinte mil (20476)  estudantes inscritos nos cadernos eleitorais, ou seja, menos de 10% (9,7%).

Isto não nos deve interpelar e interpelar também  a Universidade, nomeadamente o próprio Conselho Geral e a Reitoria? Qual o significado desta enorme abstenção?

A tendência nestes casos  é para fazer, cada um de nós,  a sua apreciação.  Para uns, os estudantes, na sua enorme  maioria,  apenas se interessam, quando interessam,  pelas aulas e pelas notas. O resto, nomeadamente o governo da Universidade, as eleições para os órgãos desta e das suas escolas,  pouco lhes importa.

Para outros, os estudantes não votam, porque não estão ao par do significado desta eleição, não estão  devidamente informados.

 Ainda para outros, os estudantes votariam muito mais se votassem, por exemplo,  para a eleição directa do Reitor, como está previsto passar a suceder na revisão em curso da Lei do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES).

No entanto, a apreciação que fazemos individualmente  tem pouco valor. Seria muito melhor perguntar aos estudantes o que pensam efectivamente sobre esta matéria e isso é possível saber com elevada segurança, usando os meios científicos e técnicos que estão ao dispor da Universidade, através de algumas das suas unidades orgânicas,  e que não são dispendiosos. 

Esse conhecimento do comportamento dos estudantes deveria ser feito e teria muita utilidade. Os estudantes são, na sua grande maioria, cidadãos já com plenos poderes de cidadania e mal de uma Universidade que apenas se preocupe em transmitir-lhes conhecimentos para que eles possam mais tarde serem engenheiros, médicos, juristas, economistas, professores e profissionais de muitos outros numerosos domínios do saber.

A formação de cidadãos que o sejam não apenas pela idade, mas pela consciência dos seus direitos e deveres na sociedade de que fazem parte é um dever que a Universidade não pode descurar.

PS – De um excelente suplemento comemorativo dos 106 anos do DM (15-4-2025), permito-me destacar, na impossibilidade de fazer uma referência mais ampla, este facto relatado pelo Administrador a propósito da imprensa regional e das dificuldades que esta atravessa e que pouca gente conhecerá, mas da maior importância  para essa mesma imprensa:“ A Gráfica do DM imprime atualmente cerca de uma centena de títulos”.